quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O HAVER DE VINICIUS

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! Porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do infinito
Essa gagueira infantil de
quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte,
essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta
como uma velha amante
Mas recuará em veus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço
para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem
diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens
VM

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